1.1 “Where is everybody?” (Onde estão Todos?)

Posted: 2.6.10 | Postado por Unknown |
Season 1, episode 1

Directed by: Robert Stevens
Written by: Rod Serling

Para um programa cheio de alegorias e comentários sócio-políticos como TWILIGHT ZONE, o episodio inaugural não poderia ter uma introdução mais germânica. “O lugar é aqui. A hora é agora.” declara Rod Serling, com sua narração inigualável e inflectida - a voz vem das mandíbulas passando pelos dentes cerrados - levantando o pano e estabelecendo a pedra fundamental não apenas para esse episodio especifico mas para a serie inteira.

Um presumível vagabundo vagueia dentro de um restaurante beira de estrada, mas não há ninguém dentro. A pergunta obvia é “Onde estão todos?”, A jukebox continua tocando, o café ainda quente mas não há uma única alma a vista. Entretanto, o mais importante mas não sendo a pergunta menos obvia, pelo menos a principio, é, “quem é esse cara?” Nem ele sabe a resposta, ao desenrolar do episódio ele se lembra de pequenos fragmentos. “Eu estou na Força Aérea!” ele grita, correndo pelas ruas abandonadas da cidade subindo a rua principal, gritando orgulhosamente sua revelação o bastante para acordar até os mortos. Infelizmente, nem eles aparecem.

“Onde estão todos?” é uma declaração de intenções, de estilo, para Rod Serling, enquanto conta a historia de um homem tentando “achar a si mesmo.” Explora o medo do confinamento, não apenas com os sentidos claustrofóbicos mas também no sentido figurado - o medo de estar preso dentro de uma caixa; nosso herói sem nome está quase preso dentro de uma cabine telefônica, até ele arrebentar sua saída, também da mesma forma que a cela de uma prisão quase se fecha com ele dentro.

O episodio piloto resume o medo do artista, particularmente o medo do escritor de ser um recluso. Mas, direto ao ponto, Onde estão todos? toca no medo universal e primário da solidão, a necessidade humana de companheirismo que até a ciência moderna com todos seus mecanismos é incapaz de superar; eles conseguem colocar um homem no espaço, mas não conquistam o desespero da solidão humana! O aspecto mais assustador do episodio, e é bem assustador, é a própria cidade abandonada, uma cidade não populada que assume a força onírica de um pesadelo. Depois de tudo, a abundancia de nada implica na iminência de algo, e esperando que chegue, se é que vai chegar, é a tensão inescapável na duração abreviada de um programa de TV. Funciona, porque a chave para horror cinematográfico, que se aplica a TV também, foi sempre saber que a audiência tem mais medo da imaginação do que aquilo que esta sendo mostrado. ( Na literatura, Poe fazia isso magistralmente: “Então eu abri a porta um pouco mais / Escuridão ao redor, nada mais.”) A tensão do episodio aumenta sabendo que nosso herói esta sendo observado: um charuto descansa aceso num cinzeiro - tal qual o restaurante, parece ser abandonado momentos antes que nosso herói tenha chegado. Um grande olho na janela de um oftalmologista reforça essa idéia. Tem alguém assistindo? Com certeza estão, e a audiência alegremente observa o terror se desvendar para um final incrível no qual se estabelece que uma lenda acabava de nascer na televisão.

.HENRY STEWART

.curiosidade:
O tema desse episodio veio do medo pessoal de Rod Serling de escrever uma cópia do Kraft Television Theater o resto da sua vida. Serling sabia que ele tinha algo a dizer que não podia ficar restrito pela censura, logo, as várias clausuras ao longo do episodio e sendo seu show ele nao seria parado a dizer o que ele pensava mesmo senão houvesse ninguém para ouvir.

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